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A medicina de imagem, especialmente na área de neurorradiologia, está passando por uma transformação significativa, marcada pelo avanço da inteligência artificial (IA) e outras tecnologias de ponta. O desenvolvimento de técnicas de imagem mais precisas e a integração de ferramentas inteligentes têm elevado a capacidade de diagnóstico em doenças neurológicas, como Alzheimer, epilepsia e outras condições degenerativas, abrindo caminho para tratamentos mais personalizados e efetivos.
A fim de buscar novas funcionalidades para a inteligência artificial dentro da área da saúde, pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) irão estudar a viabilidade de desenvolvimento de sensores com IAs que aprendam a identificar mudanças de padrão em marcadores biológicos, a fim de indicar possíveis transtornos mentais ou neurodegenerativos, como esquizofrenia, depressão, Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA), dentre outros.
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Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, a médica radiologista Aylla Keiner Alves Simão acredita que a integração da IA na análise de exames de imagem tem sido um divisor de águas. “Estudos já mostram que o uso de algoritmos de aprendizado profundo pode elevar a acurácia na detecção de tumores cerebrais para 90%, diminuindo o risco de erros humanos e acelerando o processo de análise”, explica. Neste campo, conforme detalha a médica, a IA é treinada para reconhecer padrões específicos em imagens de ressonância magnética e tomografia computadorizada, oferecendo resultados detalhados que ajudam os neurorradiologistas a identificar anomalias em estágios iniciais.
O mercado para as ferramentas de análise de imagens com apoio na tecnologia de Inteligência Artificial deve crescer exponencialmente. Um estudo da Frost & Sullivan aponta que este ramo deverá movimentar US$ 825,9 milhões em 2025, contra os US$ 513,3 milhões registrados em 2019. Aylla destaca que esse crescimento está diretamente ligado à demanda crescente por diagnósticos mais rápidos e precisos, que permitam uma abordagem precoce e personalizada no tratamento de doenças neurológicas.
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Outro avanço tecnológico que tem atraído atenção na neurorradiologia é a ressonância magnética 7-Tesla, uma tecnologia que oferece uma resolução de imagem superior às RM convencionais de 1,5 ou 3-Tesla. “Esta tecnologia permite visualizar microestruturas cerebrais com precisão extrema, sendo especialmente útil no diagnóstico e monitoramento de epilepsia e esclerose múltipla”, detalha a especialista.
A combinação da RM 7-Tesla com a espectroscopia de ressonância magnética tem possibilitado um mapeamento químico do cérebro, o que fornece informações adicionais sobre a atividade cerebral e suas alterações em casos de demência e outras doenças neurodegenerativas. “Além disso, o diagnóstico precoce é fundamental para que médicos e famílias possam planejar cuidados e tratamentos que retardem a progressão da doença, melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, defende Aylla.
Combinadas com a IA, técnicas de neuroimagem têm permitido detectar mudanças sutis na estrutura cerebral de pacientes com histórico familiar de doenças degenerativas. A precisão dessas técnicas é reforçada pelo uso de algoritmos que comparam as imagens com bancos de dados extensos de cérebros saudáveis, possibilitando um diagnóstico ainda mais assertivo, conforme a médica.
Capacitação e adaptação dos profissionais de neurorradiologia
Contudo, o avanço da tecnologia exige uma adaptação constante por parte dos profissionais da área. Segundo um levantamento da American College of Radiology (ACR), aproximadamente 75% dos neurorradiologistas nos EUA estão buscando especialização em IA e atualização em técnicas de imagem avançada. “Cursos de capacitação e workshops focados em IA têm se tornado uma necessidade para acompanhar as transformações da área e garantir que os profissionais estejam aptos a utilizar essas novas tecnologias”, aponta Aylla.
De acordo com a médica especialista, o futuro da neurorradiologia aponta para uma medicina ainda mais preventiva. “Com os avanços contínuos em IA, espectroscopia e ressonância magnética de alta resolução, espera-se que o diagnóstico por imagem ofereça cada vez mais informações precisas em estágios iniciais das doenças neurológicas”, afirma, e complementa: “Isso possibilitará abordagens terapêuticas direcionadas, que prolonguem a qualidade de vida e reduzam os custos de saúde para pacientes e instituições”.
Sobre a profissional:
Aylla Keiner Alves Simão é bacharel em Medicina pela Universidade Federal de Goiás, com residência médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital de Readaptação e Reabilitação Dr. Henrique Santillo e um fellowship em Neuroimagem na Beneficência Portuguesa de São Paulo.
É especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e tem sólida experiência na interpretação de métodos de diagnóstico por imagem, com ênfase em neuroimagem, cabeça e pescoço. Tem atuação como mentora na formação de novos radiologistas e participação em pesquisas significativas no campo da neuroimagem.