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Há mais de três décadas, os Estados Unidos dominam o futebol feminino mundial. Com quatro títulos olímpicos, quatro Copas do Mundo e a honra de nunca ter ficado fora do pódio nas oito edições do mundial, o país é referência e a equipe a ser batida na modalidade.
A última vez que a seleção brasileira enfrentou a norte-americana, durante a Copa Ouro, em abril, a equipe comandada por Arthur Elias não conseguiu quebrar o tabu de vencer as adversárias mais laureadas do futebol feminino.
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Ao longo dos anos, os Estados Unidos têm sido um adversário difícil para o Brasil. Ao todo, as seleções se enfrentaram 25 vezes, com apenas duas vitórias brasileiras. A seleção norte-americana também venceu partidas importantes contra o Brasil nas finais olímpicas de 2004 e 2008, superando as equipes lideradas por Marta.
Não é apenas o Brasil que enfrenta dificuldades em romper a hegemonia norte-americana. A primeira Copa do Mundo feminina foi realizada em 1991, na China, e o futebol feminino estreou nos Jogos Olímpicos em 1996, em Atlanta. Desde então, em 16 finais combinadas dos dois maiores torneios do futebol feminino, os Estados Unidos chegaram a 10 finais e conquistaram oito títulos. Essa supremacia se manteve por mais de 30 anos.
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Os EUA aplicam ao futebol feminino o mesmo método de desenvolvimento esportivo usado em outras modalidades, como basquete e futebol americano. A integração entre educação e esporte é incentivada desde cedo.
Enquanto os meninos podem escolher entre várias opções esportivas, para as meninas o futebol é quase sempre o ponto de partida. Seja de maneira recreativa no início, ou como um caminho para obter uma boa educação universitária e uma carreira até chegar à seleção nacional, o futebol é praticado por boa parte das americanas em algum momento de suas vidas.
“As americanas começam a treinar futebol por volta dos 5 anos, já no Brasil isso só acontece por volta dos 10 anos ou mais”, explica Bruno Simões, treinador do time feminino do Tudela Futbol Club Los Angeles, na Califórnia, desde 2019.
O brasileiro diz que o incentivo para evoluir no esporte está relacionado a parte estudantil. No ano passado, cinco jogadoras do Tudela foram admitidas em importantes universidades com bolsa de estudo integral, resultado do desempenho das jovens no futebol.
Mas, segundo o treinador, a ambição das atletas vai além. “A trajetória das jogadoras está mudando. Antes, elas ingressavam primeiro no time da universidade para depois tentar uma vaga profissional. Hoje, muitas pulam do time de base direto para o profissional”, conta Simões, que preparou duas atletas – as irmãs Alyssa e Gisele Thompson – que avançaram do Total Football Academy para o profissional Angel City FC.
“As jogadoras sabem que os EUA são uma referência no esporte e isso, por si só, já é motivador. Porém, as americanas são também muito conscientes do potencial das adversárias e buscam aprender com os outros times”, diz Simões. “Especialmente com o conhecido ‘jogo bonito’ das brasileiras”, afirma.
Segundo uma pesquisa de 2023 da Statista, 10% das mulheres jogam futebol nos Estados Unidos, assim como na Grã-Bretanha e na França. O México possui o maior número de jogadoras de futebol feminino no mundo, com 22%, seguido pelo Brasil com 17%.