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Um estudo conduzido pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, intitulado “Priorizar o transporte ativo por bicicletas!“, lançou luz sobre as desigualdades existentes no sistema cicloviário da cidade de São Paulo. A pesquisa realizou uma análise instrumental de planejamento, comparando o cenário atual com as projeções para o futuro, sob a perspectiva das disparidades sociais.
Segundo o levantamento da Aliança Bike, realizado entre 2022 e 2023, que analisou todas as capitais brasileiras, o país registrou uma evolução modesta em seu sistema cicloviário. No último ano, houve um aumento de 4%, totalizando 4.365 km de ciclovias e ciclofaixas. No entanto, as médias das capitais brasileiras alcançaram apenas 161,7 km de rota, e a qualidade dessas infraestruturas não foi objeto de análise.
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O Plano Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) estabelece que o transporte não motorizado deve ser priorizado em cidades com mais de 20 mil habitantes, indicando um esforço insuficiente por parte das prefeituras na construção de espaços dedicados às bicicletas. Florianópolis lidera o ranking, disponibilizando uma média de 22 km de malha cicloviária por 100 mil habitantes, seguida por Palmas, Maceió e Brasília, que se destacaram pelo crescimento expressivo de suas infraestruturas cicloviárias.
São Paulo, apesar de possuir a maior malha cicloviária entre as capitais, ocupa a 19ª posição na lista que relaciona o número de vias exclusivas para ciclistas e o de moradores. Isso pode ser atribuído à extensa frota de veículos da cidade, que, coincidentemente, também é a maior do Brasil. No entanto, parte das ciclovias está desaparecendo devido à deterioração e obras de recapeamento.
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Um aspecto crítico destacado pelo estudo do CEM é a falta de mensuração e monitoramento das desigualdades relacionadas à mobilidade ativa em São Paulo. A restrição das bicicletas compartilhadas e a concentração de ciclovias nas regiões centrais, mais ricas e com maior presença de automóveis, contribuem para relações desiguais na cidade. Nas áreas periféricas, as estruturas cicloviárias são escassas, muitas vezes desconectadas da malha principal, e nas zonas com baixo índice de veículos, a ausência de vias exclusivas é notável.
Dados do Censo 2010 revelam que a renda média do município é de R$ 1.125,00. O levantamento aponta que os moradores a 300 metros das ciclovias, ciclofaixas e bicicletas compartilhadas têm renda 43% e 223% superior à média, enquanto quase 80% da população dispõe de automóvel individual.
O estudo destaca que as áreas com maior infraestrutura cicloviária concentram pessoas brancas de classe alta, enquanto nas regiões menos atendidas predomina a moradia de indivíduos negros de classe baixa. Essa análise evidencia a necessidade de políticas mais inclusivas e equitativas na expansão e manutenção da infraestrutura cicloviária, visando promover a mobilidade ativa de maneira justa e acessível para toda a população.