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Apesar da fama de fazer mal à saúde, o colesterol é um nutriente essencial ao organismo. Ele está presente na estrutura das células, forma ácidos biliares, que atuam na digestão, faz parte da composição dos hormônios e da vitamina D. Como tem a textura e a aparência de uma cera e, por ser solúvel apenas em gordura, transportado e armazenado com ela, as pessoas costumam se referir ao colesterol como mais um tipo de gordura (ou lipídio). Mas a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) alerta: em excesso, ele pode fazer mal.
Apesar de todos dizerem que existe o colesterol “bom” e o “ruim”, na verdade ele é um só, o que muda é o seu meio de transporte., explica a FBG. Esse transporte e o destino depende das lipoproteínas, que são conglomerados de proteínas, gorduras e outras substâncias. Elas podem ser de alta ou de baixa densidade, dependendo de sua composição, com funções diferentes. O colesterol presente nas lipoproteínas de baixa densidade é chamado de LDL (do inglês low density lipoprotein). O LDL leva o colesterol para todas as nossas células e, quando há excesso, ele pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Esse processo é conhecido como aterosclerose. Daí o LDL ser chamado de colesterol ruim.
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As lipoproteínas de alta densidade, ou HDL (do inglês high density lipoprotein), por sua vez, retiram o colesterol das células para que seja eliminado. Com isso, evita o entupimento das artérias e é chamado de colesterol bom.
O colesterol não advém apenas dos alimentos ingeridos, como muitos pensam. Cerca de 70% são produzidos pelo próprio fígado, enquanto apenas 30% advêm da alimentação. Os compostos lipídicos que têm origem na alimentação são absorvidos na mucosa intestinal, após um processo de emulsificação – diluição em solução aquosa, para que sejam mais facilmente digeridos, processo desempenhado pelos ácidos biliares.
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Apesar de boa parte do colesterol ter origem endógena, aquele advindo da dieta, especialmente via consumo de gorduras saturadas, também afeta o funcionamento digestivo e as funções hepáticas para o processamento do colesterol e produção biliar. “Por isso é importante limitar o consumo de gorduras saturadas (como carnes vermelhas, queijos, manteiga, óleo de coco), substituindo, quando possível, por gorduras insaturadas (azeite de oliva, abacate, amêndoas, peixes e sementes) e equilibrando com o consumo de alimentos saudáveis e prática de exercícios físicos”, alerta o médico Américo Silverio, da FBG.
Sintomas
A FBG lembra que mesmo pessoas magras podem ter colesterol alto. Isso porque os níveis dele dependem muito mais da taxa de remoção do colesterol pelo fígado, que é uma característica genética, por exemplo, se a pessoa tiver um parente de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) com colesterol alto, a chance de ela ter colesterol alto é maior.
O colesterol elevado não costuma provocar sintomas. Porém, quando os valores estão extremamente elevados, é possível que haja alguns sinais clínicos, como o Arco Córneo, um halo esbranquiçado nos olhos que aparece em indivíduos abaixo de 45 anos; Xantelasmas, que são placas amarelas de gordura ao redor dos olhos; Xantomas, ou seja, depósitos de gordura amarelada na pele, em articulações ou tendões, como no calcanhar.
“Quando a aterosclerose está avançada, o paciente pode ter angina (dor no peito) ou infarto e o acidente vascular cerebral”, alerta dr. Américo Silverio.
O diagnóstico é feito por meio de um simples exame de sangue. É recomendado que todas as pessoas acima de 10 anos de idade tenham o seu perfil de colesterol avaliado pelo menos uma vez por ano. Quando os pais tiveram infarto ou doenças arteriais antes dos 55 anos, a avaliação deve ser feita em crianças a partir de 2 anos.
Tratamento
Com o diagnóstico, o tratamento do colesterol elevado deve ser iniciado e inclui mudanças no estilo de vida e, se necessário, o uso de medicamentos.
Na alimentação, por exemplo, é preciso evitar consumir alimentos gordurosos em excesso, particularmente os de origem animal, como leite integral e derivados, gema de ovo, carnes gordas, miúdos (moela, coração, fígado etc), frutos do mar (camarão, lagosta, mariscos, polvo, lula, caviar). Devem fazer parte do cardápio grãos integrais (como farelo de aveia e farinha de linhaça); peixes ricos em ômega 3 assados, como salmão, sardinha e arenque; alho; azeite e uva.
A atividade física também é importante. A recomendação é praticar pelo menos 30 minutos de exercício aeróbico leve (como caminhada, corrida, natação e bicicleta) cinco vezes por semana; ou 20 a 60 minutos de atividade física vigorosa três vezes. É importante consultar o médico para saber qual a intensidade e a frequência semanal mais indicada para cada um.
*Este texto não substitui uma consulta médica. Em caso de dúvidas, consultar um profissional de saúde.
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