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No mundo contemporâneo, a discussão sobre comportamento e emoções tóxicas tem ganhado cada vez mais relevância. O impacto desses aspectos na sociedade é motivo de preocupação, já que afeta tanto o indivíduo quanto o coletivo. No ambiente de trabalho não é diferente: as emoções desempenham um papel crucial na saúde mental e na produtividade dos funcionários. Mas o que isso significa exatamente e como uma cultura emocional negativa afeta o desempenho dos funcionários?
Um estudo populacional, conduzido por pesquisadores da University of South Australia, revelou que enfrentar um ambiente de trabalho tóxico aumenta o risco de depressão em 300%. Os dados indicam que os colaboradores de organizações que não priorizam a saúde mental de seus funcionários têm um risco três vezes maior de desenvolver depressão do que outros trabalhadores. A autora principal do estudo, Dra. Amy Zadow, afirmou ao jornal da universidade que a má saúde mental no local de trabalho pode ser atribuída a práticas, prioridades e valores de gestão inadequados.
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Charles Betito, especialista em treinamento de lideranças e promoção de saúde mental no trabalho, alerta para à influência poderosa que as emoções de uma pessoa podem exercer sobre as outras em um grupo ou ambiente compartilhado: “as emoções expressas pelos líderes têm o potencial de influenciar diretamente o estado emocional dos funcionários. Esse contágio pode ocorrer de maneira positiva ou negativa”. Betito alerta que é essencial que os líderes estejam cientes desse contágio de emoções e assumam a responsabilidade de criar uma cultura emocional positiva para suas equipes.
O profissional ressalta que uma cultura emocional negativa pode acarretar sérias consequências para o desempenho dos funcionários já que emoções negativas estão associadas ao estresse exagerado, que pode levar a problemas de saúde física e mental. “A negatividade prejudica a motivação e o comprometimento da equipe, impactando diretamente na produtividade. Em um ambiente onde predominam as emoções negativas, os funcionários se sentem menos inclinados a se esforçar”, explica ele, apontando que, em geral, esse comportamento se manifesta como silêncio, mesmo em ambientes abertos e cheios de gente.
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Esse estresse profissional causado pelo comportamento apontado por Betito, é mencionado pelo britânico Peter Frost no livro “Toxic Emotions at Work and What to Do About Them”. Segundo a obra, o impacto na produtividade chega a custar cerca de US$ 300 bilhões anualmente à economia americana, estimados em absenteísmo, diminuição da produtividade, rotatividade de pessoal, pagamentos diretos de seguros, médicos e jurídicos, e violência no local de trabalho.
Com isso em mente, Betito argumenta que em um ambiente de trabalho cada vez mais mutável, complexo e incerto, o conceito de agenda emocional se torna ainda mais relevante. “A agenda emocional descreve a maneira como as coisas são feitas em uma organização e é influenciada pelas emoções das equipes envolvidas”, explica. Ele aponta que a gestão adequada das emoções desempenha um papel crucial no desempenho da agenda técnica, que representa os resultados tangíveis do trabalho. Isto é, quando as emoções não são bem gerenciadas, surgem obstáculos que interferem no progresso das atividades. “Isso pode se manifestar por meio de relacionamentos disfuncionais, resistência silenciosa à adoção de novas tecnologias e até mesmo a desistência silenciosa, o famoso ‘quiet quitting'”, explica.
Para o especialista, que tem mais de 13 anos de experiência no ensino desse assunto em grandes organizações, ao promover um clima organizacional saudável e desenvolver maior inteligência emocional, os líderes estabelecem as bases para uma equipe motivada, engajada e produtiva. “Para isso, os líderes precisam desenvolver habilidades de inteligência emocional para lidar com essa dinâmica. Compreender, gerenciar e influenciar as emoções no ambiente de trabalho são atributos valorizados na liderança contemporânea”, completa.
A Gestão das emoções tóxicas: criando um ambiente saudável e produtivo
Um conceito apontado por Charles Betito para lidar com as emoções negativas no ambiente de trabalho é o dos “Gestores de Toxicidade” ou “Toxic Handlers”. Segundo ele, esses indivíduos assumem a responsabilidade de absorver, neutralizar e processar as emoções tóxicas no ambiente de trabalho. “Eles atuam como filtros, lidando com a carga emocional negativa e contribuindo para um ambiente saudável e produtivo”, diz.
Os líderes que desejam se tornar excelentes gestores de toxicidade devem desenvolver três atributos principais, como aponta Betito: em primeiro lugar, é necessário cultivar a percepção, por meio da presença e atenção plena, para identificar o fluxo das emoções dentro da organização. Em seguida, é fundamental praticar a escuta ativa, promovendo a transparência emocional e permitindo que os conflitos sejam expostos. Por fim, o líder deve exercer uma influência positiva, criando ativamente um ambiente genuinamente positivo que estimule a colaboração entre as pessoas.
“Ao investir em treinamento e desenvolvimento de habilidades emocionais, as organizações podem construir equipes mais resilientes, motivadas e produtivas”, finaliza o profissional.