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O carbono é um composto encontrado amplamente na natureza e muitas vezes, pode ser relacionado às causas do aquecimento global e das mudanças climáticas, sobretudo, quando o termo é usado como abreviatura para dióxido de carbono (CO2), um dos principais responsáveis pelo Gases do Efeito Estufa (GEE)
Toda atividade do ser humano na Terra traz algum impacto direto ao planeta, que não consegue absorver todos os gases que o modo de vida contemporâneo emite. As principais ações humanas que geram uma liberação maior do monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2) e na atmosfera são: a respiração dos seres humanos, a queima de combustíveis fósseis, as práticas industriais e da agropecuária, e o desmatamento e queimadas.
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Para frear o aumento da temperatura da terra, em 1997, no Protocolo de Kyoto, no Japão, surgiu o conceito de neutralização do carbono. As empresas que adotam a prática se preocupam com a sustentabilidade e o uso racional dos recursos. Também agregam valor à marca pela consciência ambiental, além disso, a iniciativa abre portas para novos negócios.
A prática se insere dentro das práticas de governança ambiental, social e corporativa, mais conhecida por sua sigla em inglês ESG (Environmental, social, and corporate governance), que consiste em um conjunto de padrões e boas práticas que empresas desenvolvem de modo a serem enquadradas como socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Em outras palavras, trata-se de uma forma de medir o desempenho de sustentabilidade de uma organização.
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É preciso ressaltar que o ESG não serve para definir as boas práticas corporativas apenas de grandes corporações, podendo servir de parâmetro, também, para empresas de pequeno e médio porte. Nesse sentido, a neutralização de carbono por meio do plantio de árvores é uma das práticas que empresas dos mais distintos portes podem se valer para atuar dentro dos padrões das boas práticas de governança ambiental, social e corporativa.
O cálculo para neutralizar o carbono no Brasil
Segundo o diretor comercial da Metalacre, Marcelo de Carlis, a estimativa é que a cada sete árvores, é possível sequestrar 1 tonelada de carbono nos seus primeiros 20 anos de idade. “O CO2 é um dos gases causadores do efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas”, diz ele. “O plantio de árvores visa corresponder os cálculos de emissão de carbono de uma atividade e compensar essa emissão com o plantio de árvores correspondente para a neutralizar o cálculo estimado”, completa.
Ele explica que existem algumas formas de fazer a contagem para neutralização do carbono. “De forma geral, é selecionado o período de um ano para calcular a média de emissão de carbono de atividades como o consumo de energia, uso de veículos, viagens aéreas e outras atividades que geram emissão de carbono”.
O Brasil está evoluindo no assunto e no final de 2022 ocorreu o primeiro embarque de carne bovina certificada como carbono neutro (selo ‘CO2 Neutral’). Visto como um marco na pecuária brasileira, a carga com destino aos Estados Unidos, saiu da unidade de Araguaína (TO) da empresa Minerva Foods. As informações foram compiladas por uma ferramenta de cálculo desenvolvida pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola).
Marcelo de Carlis fala que o plano da empresa para neutralizar o carbono está localizado no município de Garça, interior do estado de São Paulo. A proposta consiste no plantio de árvores nativas (como goiabeira, aroeira, guapuruvu, ipê branco, jatobá, oiti, quaresmeira e seringueira) em uma área de preservação permanente “O nosso projeto se situa dentro da fazenda Santa Cecília. Em 2022, instalamos o primeiro bosque, com área de 1.200 m² e 200 árvores nativas, e em 2023, iremos inaugurar o segundo, com mais 200 árvores”.
O projeto da empresa de lacres metálicos de segurança estima, inicialmente, cinco bosques, com 200 árvores cada, totalizando 1.000 árvores, tendo como objetivo expandir e atuar em outros municípios.
O plantio de árvores como solução
O Brasil tem grande produção de energia limpa e capacidade de reflorestamento, e por esse motivo, é visto como um potencial fornecedor aos países que precisam compensar a emissão de gases, devido aos acordos a favor do meio ambiente. De acordo com estudos da primeira bolsa de carbono no país, a Moss, estima-se que o mercado na área tem potencial de atrair cerca de US$ 45 bilhões em uma década. O valor médio do composto está em US$ 10.
O diretor comercial da Metalacre explica que o plantio deve seguir algumas normas e respeitar as espécies adequadas para cada região. “Árvores nativas são originárias daquela região e desta forma poderão se desenvolver e crescer dentro dos seus limites naturais. Além disso, cada muda deve ter cuidados e manutenção nos seus primeiros 2 anos”, pontua. “Após isso, cada árvore pode se desenvolver de forma independente”.
Através deste protocolo, o reflorestamento se torna muito mais eficiente e as árvores chegarão a sua maturidade, contribuindo na captura de carbono. Marcelo de Carlis ressalta que os benefícios vão além.
“Uma área reflorestada contribui para o bioma da região, protege e contribui na proteção de mananciais e restauração do ecossistema. O ideal é que o plantio seja realizado em área protegida e de preservação permanente, ou seja, imune ao corte”.
De acordo com o Cebds (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), o Brasil tem o potencial de gerar receitas líquidas de US$ 16 bilhões a US$ 72 bilhões até 2030 com o comércio. Atualmente, o país opera com mercados voluntários, ou seja, empresas que decidem neutralizar emissões de gases de efeito estufa liberadas por suas atividades.
Antes de dar início às medidas de neutralização de carbono, todas as empresas precisam mensurar sua própria emissão de GEE. Essa mensuração pode ser feita com base em inventários que utilizam ferramentas convencionais de mensuração, como o Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol) e a ISO14064.
“O plantio de árvores é um projeto a longo prazo, como dito anteriormente, cada árvore leva 20 anos para neutralizar o equivalente a 1 tonelada. É imprescindível que a área possa oferecer essa proteção e permita que cada árvore se desenvolva sem risco”, finaliza de Carlis.