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O mês de março chegou e com ele a celebração ao Dia Internacional da Mulher, data oficializada pela Organização das Nações Unidas, na década de 1970, como símbolo da luta das mulheres contra o machismo, violência, igualdade salarial e respeito. Mas ainda há um longo caminho para as mulheres percorrerem no combate ao machismo enraizado na sociedade. E um termo em especial tem sido bastante abordado na mídia: a misoginia. De origem grega, misoginia significa, basicamente, o ódio às mulheres. Agressão, violência sexual, objetificação de corpos femininos, depreciação e feminicídio.
A misoginia atrapalha o desenvolvimento da mulher como ser individual. A prática é mais comum do que se imagina e é reproduzida por todos os tipos de pessoas, até as que possuem grande influência na sociedade ou nas pessoas próximas como esposos, irmãos, tios ou pais. As mulheres não estão isentas de reproduzirem falas misóginas.
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Segundo a advogada Andrea Peres, especialista em Direitos das Mulheres, Violência Doméstica e Crimes contra a Mulher, a misoginia pode aparecer de forma camuflada em comportamentos considerados “naturais”, por isso, é importante que as mulheres saibam cada vez mais identificá-los e combatê-los.
De acordo com a profissional, alguns exemplos de comportamentos como estes sofridos por mulheres no dia a dia e que não são percebidos são:
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1 – Quando os homens culpam as mulheres por algo que eles fizeram. Este comportamento é muito comum, principalmente, dentro de relacionamentos heteroafetivos;
2 – Quando alguém diz que as mulheres só servem para satisfazer os homens. Geralmente, comentários desse tipo são reproduzidos por religiosos, pois alguns, para satisfazer suas vontades e massagear seu ego, interpretam os livros religiosos de forma machista, sexista e misógina;
3 – Quando as mulheres são vistas como arrogantes por expressar sua própria opinião. Mulheres interpretadas de forma equivocada e rotuladas de “mandona” ou “arrogante” por apenas dizer o que pensa;
4 – Quando as pessoas culpam as mulheres por amamentarem em público. Seus corpos são vistos pelos misóginos apenas como objetos de prazer e, por muitos, até descartáveis. Por muitos anos, a naturalidade feminina foi julgada e condenada pela sociedade. É importante combater isso;
5 – Quando alguém, entre um homem e uma mulher, escolhe o homem, levando em consideração apenas seu sexo. Rotular mulheres como incapazes é, certamente, um comportamento misógino.
E, por último, bastante debatido nos últimos dias, é o Manspreading. “Trata-se de um hábito misógino residente no inconsciente coletivo dos homens que entendem que as mulheres não são dignas de respeito ao considerar que o compartilhamento do espaço público, uma vez que para a sociedade patriarcal, elas não deveriam ocupar aquele lugar”, explica Andrea.
“O manspreading existe e a ordem patriarcal nem sempre opera de uma forma fixa, visível, perceptível e vulgar, entretanto, ao longo dos séculos, torna-se cada vez mais sofisticada, invisível, discreta, ao mesmo tempo, psicologicamente mais violenta”, acrescenta a advogada. Segundo ela, o manspreading de hoje, pode ser o estupro de amanhã. “Caso esta prática continue a se naturalizar não haverá mais jeito. Por fim, é no gesto – o local do não dito – onde ocorre as formas de violências mais letais contra as mulheres, posto que são quase imperceptíveis, atingem em cheio a sua dignidade e saúde mental”.
“É tempo de as mulheres ocuparem os espaços públicos em busca de igualdade substancial e denunciarem toda a forma de abuso e violência, sem exceção. Seja no mercado de trabalho ou no transporte público. O manspreading é só mais uma forma de opressão – dentre muitas outras”, conclui Andrea, que também é escritora e está lançando neste mês, como coautora, o livro Mulheres que inspiram Mulheres (Literare Books).