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O ano de 2023 tem sido pródigo em calor extremo, com ondas de calor afetando quatro continentes no hemisfério norte e causando incêndios florestais intensos em países como a Grécia. Mas, embora o cenário já seja preocupante, cientistas da NASA alertam: 2024 deve ser ainda mais quente, à medida em que sejam sentidos os efeitos mais fortes do El Niño.
O El Niño, fenômeno climático natural que faz subir as temperaturas da superfície do mar do Pacífico, com efeitos em cadeia para o clima global, teve sua ocorrência confirmada neste mês. Mas, segundo os cientistas, é no seu segundo ano de influência que o calor tende a ser mais extremo.
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Na última vez em que o El Niño atuou sobre a Terra, o planeta teve seu ano mais quente já registrado, em 2016. Cientistas consideram provável que o recorde seja batido neste ano, e provavelmente também no próximo, com a reedição do fenômeno.
Mas, segundo a Nasa, a influência do El Niño não é o principal fator para as ondas de calor vistas atualmente. Estas, afirmam, são resultado das mudanças climáticas causadas pela humanidade – como alertou outro grupo de cientistas em estudo divulgado hoje.
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“[O El Niño] realmente acabou de surgir, então o que estamos vendo não é realmente devido a ele”, disse Gavin Schmidt, climatologista e diretor do Instituto Goddard da NASA para Estudos Espaciais. “O que estamos vendo é o calor geral em praticamente todos os lugares, e principalmente nos oceanos. A razão pela qual pensamos que isso vai continuar é porque continuamos a lançar gases de efeito estufa na atmosfera. Até pararmos de fazer isso, as temperaturas continuarão subindo”, afirmou, segundo a CNN.
O mês passado foi o junho mais quente já registrado para o planeta, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia. Logo depois, em julho, já foi observada a semana mais quente da história. Com isso, Schmidt disse acreditar que há uma chance de 50% de que 2023 seja o ano mais quente já registrado. Pelo menos até 2024:
“Prevemos que 2024 será um ano ainda mais quente porque começaremos a sentir o evento El Niño”, disse Schmidt. “Ele atingirá o pico no final deste ano, e terá um grande impacto nas estatísticas do ano seguinte.”
Impacto nos oceanos
Os cientistas também discutiram o impacto devastador que as mudanças climáticas estão tendo nos oceanos da Terra. Não somente o Pacífico, que recebe influência do El Niño, mas o Atlântico Norte também teve temperaturas crescentes vistas nesse verão do hemisfério norte.
“Os oceanos estão com febre”, disse à CNN Carlos Del Castillo, chefe do Laboratório de Ecologia Oceânica da NASA. “Esse problema não permanece no oceano, ele afeta todo o resto.” Segundo ele, as temperaturas mais altas dos oceanos podem tornar os furacões mais fortes e colaborar com o aumento do nível dos mares, combinado ao derretimento das calotas polares.
Recentemente, cientistas classificaram como “totalmente maluco” o cenário agudo de elevação das temperaturas dos oceanos, em níveis que não eram previstos. As temperaturas médias globais dos mares atingiram então um recorde em maio, que foi o segundo mês consecutivo de calor oceânico sem precedentes.
Fonte: Um Só Planeta